terça-feira, 27 de abril de 2010

Olhos cor de mel


Não sei como..

Mas esses teus olhos de mel,
Conseguem penetrar sobre os meus..
Agora, deixa-me que escreva neste papel
Sobre esses olhos que são teus:


Palavras como: doce ou ternura,
São de certo, as mais correctas para descrever esse teu olhar.
Palavras que aumentam a minha temperatura,
Palavras que me fazem delirar.

Através deles, vejo os teus horizontes
E consigo desenhar os meus.
Por eles, atravessaria todas as pontes
Até adormecer nos campos, desses olhos que são teus..

Estradas infinitas,
Momentos que resistem.
São as palavras ditas
Que os teus olhos de mel me transmitem.

Por favor,
Com esse teu olhar meigo,
Derrete-me suavemente..
Com amor,
Com esse teu jeito,
Controla-me loucamente..

Poderia ficar parado durante horas a fio, a olhar para esses teus olhos, para esses teus olhos de mel..
Por favor não apagues, este meu desejo de admirar, a ti e a esses olhos, que produzem a imagem de mel ardente.
Não me deixes sozinho, não me deixes abandonado.. concede-me esses olhos para que eu fique apaixonado.. para que eu me perca nesse teu mar alaranjado, para que eu me perca, para sempre, nesse teu reino enfeitiçado..

quinta-feira, 22 de abril de 2010


São 8 da manhã, o Sol já trespassa os vidros da minha janela, embaciados da noite fria que passou.
Tenho os estores abertos, esqueci-me de os fechar antes de me ir deitar, talvez seja por isso que sinto a cara quente, quase que queima.
À minha volta sinto várias presenças, a sussurrarem sobre algo.. mais parece que conspiram contra mim. Errei, devia ter fechado os estores.. não o fiz e agora, tenho identidades sinistras que rondam a minha cama.
Sinto-me estranho, tenho uma vontade enorme de me levantar, sair porta a fora, e inconscientemente, deitar o meu corpo sobre aquele campo florido. Tenho vontade de me fundir com os espinhos das mais venenosas rosáceas, que no cimo daquele monte plantam as suas raízes.
Por momentos, sinto também o desejo de me perder nos cheiros do campo florido. Fecho os olhos, e perco-me intensamente naqueles pólens que esvoaçam pelo ar.. Numa questão de segundos, deixo de sentir a cara quente, deixo de sentir a luz intensa que me queimava a pele. Por curiosidade, abro estas pesadas pálperas vagorosamente, muito devagar.. A luz intensa desapareceu, sobraram vultos e sombras que agora se debruçam perante mim, engolindo a minha respiração, sugando a minha alma, tirando a minha vida, roubando-me o direito de morrer como eu um dia iria desejar. A cada suspiro de desespero que dou, vou-me sentindo cada vez mais leve, cada vez mais ausente deste mundo. Vejo tudo a desfocar-se sem sentido, cada imagem que a minha vista demente captava, faz agora parte de fragmentos que se dispersam por todos os lados, girando e tremendo como um terramoto intenso. Por fim, vejo tudo a cair sobre este campo florido, como pesos mortos, imóveis. No cimo da colina, onde nela reside as mais venenosas rosáceas, vejo nascer fumo. Fumo que geme de ansiedade mal me vê. Disparou. Arrancou com uma velocidade incrível e vem direito a mim ! .. Permaneço imóvel, e o fumo parou à minha frente. Os meus ouvidos zumbem intolerávelmente, os meus olhos fixos permanecem. Fecho os olhos, na esperança de que tudo isto seja apenas um sonho. Ganho coragem, inspiro e expiro fundo ao mesmo tempo que dou vida à minha visão. O campo florido, as rosáceas, foi tudo um sonho, realmente foi tudo um sonho.. Agora tudo arde, o céu está preto avermelhado e as rosas derretem com a acidez do ar, pegando fogo a todo este campo florido, que nunca existiu..
Agora entendo. Entrei apenas na minha mente, menti-me a mim próprio sobre a pessoa que sou, mas não me consigo enganar mais.. Os mais belos campos floridos que crio interiormente, pouco a pouco, vão-se desmoronando, revelando a realidade suja e crua, ardentemente verdadeira.

Sou como sou,
E a mim mesmo não me consigo negar.
Estou onde estou,
E aqui estarei sempre..
Sobre estes meus campos,
Que nunca conseguirei encantar..

segunda-feira, 19 de abril de 2010

I'm fading..


Estou quase..
Estou quase a adormecer..
(Não quero)..
Não quero passar outra vez por esta fase..
Não quero voltar a morrer..

(Deixa-me..)
Por favor, diz-me que quando voltar a renascer,
Estarás aqui.. para devolver a minha vida..
Mas antes, (deixa-me) dizer-te umas últimas palavras como despedida:

Por momentos quero o sossego,
Por momentos desejo o silêncio.
Por momentos de nada quero falar,
Por momentos sinto tudo a desabar..

...


(Acabo por adormecer,
Enrolado em lençóis de seda.
Finalmente, acabo por morrer sem que ninguém perceba..)

Faço conta de que cá não estou,
E entro no mundo da solidão.
Mundo esse que se alimenta de quem eu sou,
Mundo esse que me envolve de escuridão..

Entro em transe,
Entro num mundo incompreendido.
À entrada fiz suspanse
Mas agora, já nada faz sentido..

Enganei-me..
Enganei-me em relação a tudo !
Até sobre a minha suposição
Sobre o que era a escuridão,
Me enganei.. simplesmente me enganei..

Sinto-me preso por amarras,
Que me impedem de me libertar..
Não chão estão garrafas
Que os pés me fazem sangrar.

Mesmo sentindo a tua respiração,
(Que sabes que sempre me deixou a pele arrepiada),
Mesmo assim, não arranjo solução
Para sair desta prisão amaldiçoada..

Por favor acorda-me,
Por favor volta-me a dar vida !
Por favor sufoca-me
Com essas tuas mãos de querida..

Só assim..
Só assim irei acordar
Deste filme inconsciente.
(Por favor), deixa-me sentir essas tuas mãos de fada..
Agarra-me para eu não partir
Desta história mal contada..

domingo, 18 de abril de 2010

Incompreendido


Toda a minha vida,
Faz parte de um teatro, onde nele é encenada.
Toda ela me é querida
Excepto a parte, de mentirem à descarada..

Percebo que é para meu bem,
Que é para me protegerem..
Mas porque é que o fazem
Se descubro mesmo sem eles perceberem ?

É que não faz sentido nenhum,
Se eu eventualmente acabo por descobrir tudo.
Já não sou nenhuma criança,
Já passou aquela fase em que faziam de mim surdo..

Andava tudo aos segredinhos,
Cada um na sua ribalta.
Preferiam comunicar por papelinhos,
Do que falar em voz alta..

Agora percebo,
Porque é que não queriam que eu soubesse.
Não tinha com quem falar,
Não tinha com quem desabafar..

Mas agora acabou,
Já me tornei gente.
Agora já sei quem sou,
Agora, agora já é diferente..

Agora, aqui, já tenho um objecto a meu dispor,
Pronto para me servir.
É ele que absorve o meu calor,
É ele quem me faz distrair.

Nele escrevo palavras,
Que me esvoaçam pela cabeça.
Mas com certeza, não são contos de fadas
Nem nada do que se pareça..

São visões macabras,
São contos mortais..
Essas são as palavras
Que me perfuram os pontos vitais !

Palavras que outrora me foram negadas,
Impossibilitando-me de crescer.
Que no passado foram apagadas,
Mas que hoje.. renascem para eu ver.

É com elas que rasgo estas folhas,
Pertencentes a este objecto.
É com elas que faço as escolhas
E que vejo se estou errado ou correcto.

Mas..

O menino surdo já morreu,
Já cá não está mais..
À minha frente faleceu
Aquele que foi criado pelos pais.

E, resumindo assim, muito rapidamente..

Todos nós, passamos por fases interditas
De mentiras e loucuras.
Acabamos por destruír as coisas bonitas
Para as enterrarmos em sepulturas..

Se não me perceberem,
Entendo perfeitamente..
Às vezes nem eu me percebo,
Nem que me releia exaustamente..

sábado, 17 de abril de 2010

Dear John..


"Pai, há uma coisa que te quero contar..
Lembras-te de há uns atrás, quando levei um tiro ? Queres saber a primeira coisa que me veio à cabeça, antes de desmaiar ? ... Moedas.
De repente, tenho outra vez oito anos, e estou na Casa da Moeda nos Estados Unidos. Estou a ouvir um guia a explicar como são feitas as moedas. Como são cortadas de uma chapa metálica, como são feitas as margens e chanfradas, como são cunhadas e limpas. E como todas as moedas são examinadas uma a uma, para o caso de terem passado com os mínimos dos defeitos. Foi o que me passou pela cabeça..
Sou uma moeda no Exército Militar Americano. Fui cunhado em 1980. Fui cortado de uma chapa metálica, fui selado e limpo. As minhas bordas foram margeadas e chanfradas. Mas agora, tenho dois pequenos buracos, já não estou em perfeitas condições..
Ainda assim, há mais uma coisa que te quero contar..
Um pouco antes de ficar tudo escuro, queres saber a última coisa que me passou pela cabeça ? ... Tu, eu amo-te.. "

Dear John, foi este o filme que vi hoje. O excerto que aqui está, é de uma das partes do filme.
Em outras circunstâncias, eu não estaria a fazer isto.. não estaria a retirar um excerto de um filme, postá-lo aqui e falar sobre ele. Mas é o que estou fazer, é o que vou fazer.
Nesta parte, em que o actor principal está ao lado do seu pai, que está no hospital e está deitado numa maca, ele lê a carta que escreveu. Não queria que o pai a lêsse naquele exacto momento, só queria que ele o fizesse quando já estivesse ido embora, mas decidiu lê-la ele mesmo, leu-a para o seu pai.
Enquanto a lia, ia hesitando, chorando ao mesmo tempo, mas leu até ao fim.. No momento em que disse: "Eu amo-te", o pai passou a sua mão pela cara do filho, conectando-se assim os 2 à dor que o filho transportava enquanto lia a carta. Mas não foi só ele que chorou.. eu também chorei.. Não por ser só mais um momento comovente de um filme, mas sim por estar a pensar que um dia, poderia ser eu quem estivesse a fazer aquilo. Que daqui a 3 anos, quando acabar o curso e de seguida, entrar para o Exército, acontecer exactamente o mesmo que aconteceu no filme. Eu não sou de chorar, não sou pessoa para demonstrar em público ou até mesmo sozinho, os meus sentimentos. Nem mesmo quando acabei com o maior amor que já tive em toda a minha vida, que ainda é curta, o fiz. Nem mesmo quando vi a minha avó falecer mesmo à minha frente, perante os meus olhos e sem puder fazer alguma coisa, sem puder ter feito o mínimo que fosse, o fiz. Mas o que é certo, é que o fiz perante este filme..
Chorei por algo tão simples, mas tão marcante. Sinceramente, nunca pensei, nunca pensei que esta imagem de "durão" que crio, fosse algum dia quebrada, assim, tão facilmente, como se nada fosse. Como se alguém tivesse piscado o olho para mim, e me partisse em bocadinhos, em meros cascos. Perante umas imagens bem trabalhadas e coordenadas, chorei..

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Primavera

Está a decorrer um concurso de quadras, em que o tema é escrever algo sobre a Primavera. Dia 29 de Abril, na minha escola, irão ser expostos todos os trabalhos e os vencedores irão ser revelados. Eu participei. Seria um orgulho homenagear a minha escola, ficando pelo menos num lugar do pódio dos 3 primeiros :

O verde está a chegar
Aos pézinhos de cinderela.
As flores começam a desabrochar,
Com a chegada da Primavera.

Por todos os cantos e recantos,
A boa disposição começa a emergir,
Das árvores nascerão encantos
E príncipes irão surgir.

Os cheiros mais propícios
A Natureza estará por desvendar,
Deste modo serão vícios
Que nos irão fazer sonhar.

Primavera mais pura.
Primavera mais brilhante.
Para ela não há cura
E muito menos tranquilizante.

Estação que nos irriquieta
E que a cabeça nos esfria.
Da terra nasceu um poeta
Que da Primavera fez poesia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

És símbolo, és tentação..


Para mim, simbolizas as portas do inferno,
Simbolizas o meu ser mais demente.
Para mim, simbolizas as folhas de um caderno,
Que dão ignição à minha chama ardente.

Fazes-me arder com mais intensidade,
Cada vez que me dedicas o teu olhar.
Fazes-me rir com mais suavidade,
Por cada piada que jogas ao ar..

As capas do teu caderno, imundas,
Estão mergulhadas em águas de tentação.
As notas que reproduzem, profundas,
Dão vida à minha imaginação.

Lenta, lentamente,
Vais desfilando para fora d'água.
Arde, ardentemente,
Minha sereia apaixonada.

Transformas-te em humana,
Para que da tentação sejas amiga.
Dás vida à minha chama
Fazendo com que eu te persiga.

Despertas o frenesim
Que existe em qualquer homem,
Controlas-nos sem fim
E apoderas-te dos que fogem..

És o nosso fruto proibido,
E ao mesmo tempo, a desgraça de todos nós..
Por ti fico perdido
Mal ouço a tua voz..

Dessa tua voz saltam gritos,
Tocando uma simples sinfonia..
Encantando os meus sentidos
Com o nome: "A Mais Negra Melodia.."

És a pura tentação,
Que eu quero consumir..
Deixa-me entrar na tua prisão
Para nunca mais sair..

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ainda permaneces nas minhas cartas


Como um peso morto,
O meu corpo caíu sobre o chão.
O barco que outrora, atracaste neste porto,
Marcou e rasgou o meu coração..

Depois de tantas milhas navegadas,
Aqui chegas-te e deixas-te a tua bandeira,
Bela e imaculada.
Trocámos palavras amadas,
Subimos juntos até à cimeira,
Da minha ilha aprisionada.

Chegas-te e aprisionei-te,
Meu símbolo de falsidade.
Sem querer, rasgei-te
E cortei-te na integridade..

Formas a forma do meu coração,
Dando-lhe o brilho de um diamante.
Mas, como ambos sabemos,
Nada dura para sempre e tu partis-te de rompante..

Cá, neste meu porto,
Deixas-te o teu barco,
Que simboliza a tua chegada.
Cá, neste meu corpo morto,
Eu nunca fiquei farto,
Nem mesmo da tua partida inesperada.

Agora, vou jogar as cartas da nossa vida,
Que simbolizaram a nossa vitória.
Que me fazem lembrar, da nossa frase mais querida:
- Juntos iremos vencer, juntos iremos fazer história !