terça-feira, 21 de setembro de 2010

Poesia é dança; Dança é poesia.


Desenho obras de arte,
Pela via da poesia.
E espalho por toda a parte
Um pouco desta magia.

Se eu quiser,
Com as letras faço coreografia.
E nem é preciso eu me mexer
Para que elas dancem em sintonia.

Elas estão à minha disposição,
Estão sobre as minhas ordens.
Entregaram-se de coração,
Para dançarem que nem jovens.

As palavras são uma raridade,
Apesar de existirem à muito tempo.
Nasceram muito antes da antiguidade,
E de boca em boca vão crescendo.

Já dançam comigo há mais de um ano,
E não apresentam qualquer desgaste.
Enquanto dançam eu toco piano,
Um sonho tornado arte.

Pessoalmente,
Prefiro o amor lírico ao amor platónico.
E como consequente,
Não consigo escrever, pois o meu corpo já está afónico.


Poesia é dança; Dança é poesia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capacapa


Por detrás deste corpo,
Existem segredos e vergonhas.
Mas é com um sorriso solto,
Que me transformo no que sonhas.

Escondo as minhas fraquezas,
E exalto a minha força.
Mascaro-me de certezas
E grito, para que toda a gente ouça.

É por detrás desta capa,
Que escondo a minha personalidade.
Uma capa invisível que não desbasta,
E que apenas fala a verdade.

É tipo a minha marioneta,
Que sai da caixa quando eu quero.
Que funciona como seta,
Quando eu mais desespero.



Mas, como já disse aí há uns tempos..



Este mundo é feito de artistas, e eu sou um entre milhões;
Uns são renascentistas e outros rendem-se aos perdões.
No meio desta gente toda, onde será que eu me encaro ?
Serei do tipo mais comum, ou serei do tipo mais raro ?





Soltar ou esconder ?
- Não tenho resposta. Ou melhor, não sei responder..

domingo, 5 de setembro de 2010

Prisão incompreendida


Já passou tanto tempo e eu continuo aqui, madrugada após madrugada em frente a um caderno que possivelmente, irá continuar branco durante as próximas horas, durante as próximas noites. Já me fartei de me tentar enganar ao escrever coisas que, naquele momento, não são realmente aquilo que estou a sentir. Já estou farto de me iludir acerca dos meus sentimentos e pensamentos. Já estou farto de tudo. Mas principalmente, estou farto de continuar a olhar para estas páginas brancas a implorarem esganiçadamente por palavras, quer elas sejam verdadeiras ou não. Mas eu já cheguei ao limite, já não consigo mais continuar este ilusionismo sarcástico. Fartei-me.
Um dia, quando ganhar coragem, vou largar este caderno e vou-me sentar no meu quintal. Vou trocar as madrugadas do meu quarto pelas madrugadas ao relento, e aí, quando sentir a brisa de que estou à procura, irei-me levantar e sorrir. Sorrir às horas gastas que durante tanto tempo me mantiveram prisioneiro numa cela de cartão, forrada com folhas de um caderno que julgava ser meu. Mas não passou disso, duma mera cela que julgava ser o meu mundo, o meu mundo de cartão.
E um dia, quando achar a liberdade de que estou à procura, irei-me levantar e correr. Correr em direcção a um amor que ainda não achei, mas que de certo estará lá de braços abertos para me receber. A isso chamo de liberdade… a isso chamo viver.
Até porque já chega de me refugiar em rimas e meros textos que já ninguém dá importância, que já ninguém liga. Já chega de me esconder atrás de letras e palavras, até porque um dia iria ser descoberto. Iriam deixar de dar importância a tanta superficialidade, e dar mais ao que está por desvendar. Nem que esse mistério fosse mísero como é o caso, mas iriam querer saber mais. Portanto prefiro revelar-me antes que me revelem, e isso é que vai acontecer. Mas não hoje, não esta noite. Já dei um passo à frente e o outro só irá surgir, quando a brisa chegar, quando a liberdade soprar ao meu ouvido.
Até lá, fico pela troca de madrugadas, pois prefiro o nascer do sol ao nascer da lua.