terça-feira, 4 de maio de 2010

Tempestade

"O tempo está bera lá fora.
O grave barulho do vento, que embate naquelas árvores de pano, vai-se tornando cada vez mais agudo, cada vez mais insuportável de se ouvir. As folhas finas, que esvoaçam ao sabor da suave turbulência, vão caíndo, cada vez com mais violência, degradando os trilhos que arduamente, construí durante toda a minha vida. As nuvens pintaram-se de cinzento, fazendo brilhar o céu, que desta vez decidiu mascarar-se de negro. Os relâmpagos vão sendo cada vez mais intensos. Esses que se espalham no cimo daqueles montes, iluminando este ambiente escuro que ronda esta minha casa de cartão, que já está bastante danificada devido aos furacões que por aqui moram. Moro no meio de uma tempestade.. mas não me importo que tudo isto me incomode, só pelo simples facto de que adoro tempestades. De sentir a chuva torrencial sobre este meu telhado, de ver espirais de vento e estrondos estridentes luminosos.
Já há muito tempo que não vinha cá, e vendo bem, tudo parece igual, e nada parece diferente.."

- Acho que vou parar por aqui, Sr.Doutor.. :
Sinceramente, gostaria de puder falar sobre todas as minhas vidas,
Gostaria de puder contar toda a minha história.
Mas, não tenho suficientes rimas
E muito menos boa memória.


- Não faz mal André, eu compreendo. Mas antes de terminarmos a nossa sessão, gostaria de lhe fazer algumas perguntas: Nessa história que o menino me contou, que sítio tão negro e hostil é esse ?
- Penso que seja na minha mente, Sr.Doutor..
- Referiu também, que tudo isso já se tinha passado há algum tempo.. quando exactamente ?
- Ontem..