terça-feira, 27 de julho de 2010

No pique

Sinto-me diferente, sinto-me como se estivesse noutro andar da minha vida. Num andar completamente diferente daqueles que eu imaginei ter neste meu prédio. Mais sombrio, menos espaçoso. Nem espaço tenho para encher os pulmões com este ar sujo e intragável que aqui reside. Que me enche os ouvidos com palavras adulteradas, enfeitiçadas com o propósito de me enlouquecer. Nem espaço tenho para puder afastá-las com os braços, esses que se prenderam à volta da minha cabeça, suspirando de agonia e desespero.
O meu corpo faz o que pode para sair deste prédio imundo, rejeita toda a possibilidade de cá ficar. Mas a minha alma não, a minha alma aceita, mente-se a si própria de que tudo isto lhe agrada, de que tudo isto é o paraíso que nunca sonhou. Mente-se a si própria e vai mentido também ao corpo, esse que cujo nível de stress já passou dos limites desenhados.
Tudo isto é incomum, é constrangedor e ao mesmo tempo, doce. É como se estivesse noutro patamar, como se morasse na escuridão e não tivesse medo de lá ficar..
Tomem-me como maluco, tomem-me como demente.. Posso ser tudo isso, mas ao menos, do meu mundo sou presidente. Ao menos controlo os meus sonhos e desejos, ao menos sou eu quem decide o que é doce ou amargo. Sou eu quem decide por que avenida passear, e por que passeio devo andar. Sou eu quem decide o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Se o meu desejo é estar preso num andar cujo espaço nem existe, assim o ficarei. Se o meu desejo é perder-me por campos floreados, assim me perderei. Se o meu desejo é caminhar pelas ruas feito moribundo, assim o caminharei. Se o meu desejo é deixar que a minha alma me abandone, assim a deixarei..
Já nem textos normais consigo escrever, e tudo o que escrevo actualmente é sem nexo algum.
Agora fico tempos infinitos a olhar para uma folha em branco, na dúvida se vale mesmo a pena sujá-la com algo que nem para mim faz sentido. Questiono-me se o ponto de interrogação que aparece no final de cada verso, é mesmo real, se fui quem o desenhou. Mas esperemos, esperemos até que este desejo de escrever asneiras incompreendidas desapareça.

(Este texto é prova da merda que ando a escrever. Desculpem, mas para a próxima sai melhor, prometo.)