sábado, 21 de junho de 2014

Duo.


Sem gravidade, sem atmosfera. Nasceste fera numa esfera de emoções, numa revolta sem amanhã. E hoje? Hoje és a verdade. És a profundidade que assinala o quão baixo chegaremos, o quão fundo é o nosso fundo. 
Hoje ensinas-me que lá no fundo sou só mais ar, do que peso. Que só pertenço à gravidade. Que só faço parte da tua verdade.
Hoje ensinas-me que amanhã irei sentir-te fresca. A tua pele fria encostada à minha têmpora esquerda, e a tua palma quente na minha direita. 
Hoje, ensinas-me o amanhã. Explicas-me que de manhã, não continuarás a ser minha. Nisso, és sublime.
És como eu, um gélido apogeu apenas estimulado por arranhões e amassos. És plenitude sem atitude em demasia, quem diria. És presença, nesses traços que insistes em deixar-me na parte de dentro do peito. És passos de pés descalços em bicos de pés. És a atmosfera, ao ser o invés. O meu balanço e a minha confiança quando me deixo cair para trás, sabendo do que és capaz.


- És como eu, só um rapaz. Só rapaz.  – diz a imagem, no espelho.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Pointless.



Chegas ao ponto em que o encontro contigo mesmo é medonho. És um sonho tonto com lábios de framboesa, mas sabor de medronho. Sem princesa e sozinho na mesa. Copo cheio, de mente presa. És algo sem algo, corpo de presa. Alguém que no verão espera que alguém lhe deixe, a lareira acesa. És algo sem algo.. És corpo de galgo.

Até quando vais ser aquilo que não queres ser? Quão longínqua é a tua vontade, o teu sentido de, quereres finalmente aparecer? Cheiras mas esqueceste de fechar os olhos, respiras mas, esqueceste de o fazer de olhos abertos. Respiras fundo mas não como fazias, não como sorrias. Não depois de uma gargalhada de apenas cinco segundos, que te cansa e te deixa a íris molhada. Não como agora, seca e incolor. Sem amor. Não como agora.

Deitaste fora e já não esperas que alguém te resolva, que alguém te devolva, o que jogaste ao ar. Que alguém saia das águas do mar e te dê um abraço molhado. Deitaste fora e já não esperas por ninguém. És só alguém, sem quem. Sem sem.



Até quando nesse ponto?

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Troubles, mind full of bubbles


E custa. Dói, saber de ti à justa. Dói ter-te pouco, abraçar-te à justa. Olhar para a cama e chamá-la de injusta. E custa, saber que não te tenho à minha custa.
Sou orgulhoso e sempre achei ter uma opinião clara, justa do que nos separa. Do que nos ampara, quando a distância aperta e custa.
Sabes o quanto me custa ver a tua fotografia no espelho? Que dia após dia me fazes sentir mais velho? Não sabes o preço disso… não imaginas quanto custa.
É por gostar que o suportar se torna menor. Não tem para onde crescer porque já conheço, já te sei de cor.


Mas podes descansar, só aleija, não custa assim tanto. É propício. Só custa ao início.